domingo, 21 de setembro de 2008

Dia da Árvore... dia de comemorar a nossa 'MANGUEIROSA' Belém do Pará!

"Túnel de Mangueiras" da Praça da República... imagem que fala!
Bom dia!!!!!
Amanheci assim, meio poeta, meio proseira... e não poderia ser diferente...
A primeira postagem do dia é referente à data que se comemora hoje no Brasil: O DIA DA ÁRVORE!
Há 30 anos que em nosso país esta data foi instituída. Fazendo analogia ao dia em que, no hemisfério Sul, comemora-se a chegada da Primavera.
Aqui no Norte do Brasil (estamos em Belém - Pará), não existem estas estações do ano bem definidas. Inclusive é costume nosso brincar dizendo que aqui 'quando não chove todo dia, chove o dia todo'. Uma vez que nossa Cidade abençoada, é brindada quase que rotineiramente com a famosa 'chuva das duas' descrita em poesias e músicas dos nossos compositores paraenses...
Enfim, mesmo não comemorando a primavera, tive um professor quando era adolescente, que dizia que se olhássemos para as folhas das árvores no mês de setembro, poderíamos entender esta renovação, porque elas brilham mais, estão mais bonitas, e desde então, em setembro, sou capaz de andar nas ruas realmente observando tal beleza. E não é que ele tinha razão?!
Por isso hoje, no Brasil todo, muitas cidades estão com programações vastas para comemorar o dia deste ser vivo que embeleza, refresca e abriga debaixo de sua sombra...
Pequenas ou grandes, não importa, cada uma delas tem sua importância nos ecossistemas.
Belém é conhecida como Cidade das Mangueiras, embora esta planta não seja nativa do Brasil, adotamos esta espécie e são elas, as 'nossas' mangueiras que recebem a homenagem de hoje por todas as árvores do mundo!
E assim sendo, nada melhor do que um poema de João de Jesus Paes Loureiro (poeta e professor e pesquisador da UFPa), que nos convida a refletir sobre a preservação das mangueiras de nossa cidade, que carinhosamente também é chamada de 'mangueirosa'. E nem precisa explicar por quê, não é mesmo?! ;)
Mangueiras de Belém
(João de Jesus Paes Loureiro)
Ai! Cidade das Mangueiras!
Quem te vê e não te ama?
O rio se curva e te oferta
um branco buquê de espuma.
A noite deita nos becos
e a cuia da lua derrama. Ai! Cidade das Mangueiras!
Quem te vê e não te ama?
Ruas de anjos com asas
de verde beleza arcana.
Ai! Mangueiras da Cidade,
que o sol esculpiu na sombra,
por vós o poeta implora,
por vós a poesia clama…
Ai! Cidade das Mangueiras!
Quem te vê e não te ama? Por que vagam na cidade
assassinos de mangueiras,
matando-as por querer
ou matando de encomenda,
matando à sombra da lei,
essa lei sem lei, sem lenda?
Essa triste lei da morte
que tem na morte sua vida.
Não deixem que passe impune
esse crime, essa desdita.
Fotografem, multipliquem
vosso “não” pela internet,
pelos blogs, no youtube,
nos orkuts, nos e-mails,
nas asas dos passarinhos
que estão perdendo seus ninhos,
no peito dos que se amam,
nos muros e nos caminhos… Quem pode lavar a mão
olhando esse arvorecídio?
Que frutos hão de brotar
nos galhos da solidão?
Que é feito do coração
desses que sem piedade
arrancam pela raizas raízes seculares
da alma desta cidade? Ai! Mangueiras de Belém!
Anjos de verde folhagem,
que fazem sombra com as asas
mas são em poste enforcadas.
Verdes berlindas de mangas
no Círio de cada dia.
Campanários de andorinhas
nos corais da ave-maria. Ai! Cidade das Mangueiras!
Quem te vê e não te ama?
Tua leve melancolia
presa em gaiolas de chuva.
Teu dia, garanhão de auroras
tua noite sempre viúva…
Belém, donzela das águas,
no rio do verso encantada.
Oh! Barca de verdes velas,
no Ver-o-Peso aportada.
Saiba mais sobre o autor do poema: http://paesloureiro.wordpress.com/2007/02/05/mangueiras-de-belem/

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