Siphonops annulatus
Simplesmente fantástico!
Como dizem, os biólogos se encantam com tudo aquilo que venha das relações entre os seres vivos entre si, e destes com o ambiente que os cerca.
Pois bem... diante desta preciosa informação que hoje lhes apresento (e que me foi apresentada agorinha mesmo), não é de admirar que realmente ainda há muito o que aprender sobre toda essa "esfera de vida", mágica e por vezes encantadora...
Não sei se é do conhecimento de todos que me visitam, mas existe um animal, que por ter o nome vulgar de "cobra cega" (ou cecília), é confundida com répteis e por muitas vezes morta com crueldade por pessoas que não conhecem a realidade do animal (mas isso não quer dizer que cobras devam ser mortas também).
A cobra cega, é um anfíbio, tal qual salamandras, sapos, rãs... e passa parte de sua vida sob a terra, o que dificulta o estudo mais detalhado de seus hábitos.
Existem cobras-cegas que são ovíparas (os filhotes se desenvolvem em ovos) e outras que são vivíparas (os filhotes já nascem formados direto do corpo da mãe). O interessante é que estas cobras cegas, cuidam de seus filhotes, um comportamente típico de aves e mamíferos, e não de anfíbios.
Por tantas particularidades, pesquisadores do Instituto Butantan, em parceria com colegas do exterior, Carlos Jared, Marta Antoniazzi e Rafael Marques-Porto conseguiram estudar a relação mãe-bebê na espécie Siphonops annulatus, comum no Brasil.
Para nossa surpresa, um comportamento que pode estar (veja bem, ainda é uma hipótese) atrelado evolutivamente à amamentação, deixou os pesquisadores estupefatos.
Eles descobriram que os filhotes nascem com três fileiras de dentes (bem diferentes dos adultos que só tem uma fileira no maxilar inferior), que tem uns ganchos nas pontas, e advinhem para quê?
Quando os ovos são rompidos e os bebês saem, a mãe tem suas células da epiderme transformadas, que incham e ficam cheias de espaços onde há lipídio (substância rica em gosdura) para que os filhotes raspem com os tais dentinhos de leite.
Desta forma eles se alimentam, e diz o arquivo publicado na revista “Biology Letters” que os filhotes chegam a brigar entre si pelo alimento (interação ecológica conhecida por COMPETIÇÃO).
Além disso, os pesquisadores brasileiros também perceberam que em algumas ocasiões a mãe ergue a parte traseira do seu corpo posicionando a cloaca, enquanto que os filhotes ficam de boca aberta, o que sugere que algumas secreções saídas de lá, podem ser também nutritivas.
A cobra-cega africana (Boulengerula taitanus) que é vivípara (ou seja que 'engravida'), tem uma semelhança fantástica com a brasileira, os filhotes delas devoram a parte interna do ventre da mãe (ainda quando estão desenvolvendo dentro do corpo da mãe).
Os pesquisadores comparam tais ações ao processo evolutivo de uma espécie para outra, acreditando que mesmo vindo de uma única linha, devorar 'por fora' tenha sido uma estratégia mais evoluída.
E vão além disso: comparando tais animais aos ornitorrincos (mamíferos que põem ovos, não tem mamilos, mas produzem leite) e cangurús, cujos filhotes nascem prematuramente e mamam até atingir a idade certa de deixar a bolsa, eles percebem que há muito mais coisas a serem descobertas para que esta 'teia da vida' esteja interligada.
Milhões de aplausos para estas equipes que dedicam dia e noite suas vidas à pesquisa.
É mesmo apaixonante estudar Biologia... ;)
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Um comentário:
É muito incrivel isso!
Por isso que estou fazendo Ciências Biológicas!!
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